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Com alegria publico em meu singelo blog o texto da Dra. Joseana Galvão“É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.”
Art 70 – Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal Nº 8.069, de 13 de maio de 1990.
Estamos no mês de maio, mês de comemoração do dia das mães (segundo domingo de maio),
de comemoração do dia internacional da família (15 de maio) e também, mês instituído como
Maio Laranja – mês de intensificação em ações preventivas no Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
No Brasil, o dia dezoito de maio foi instituído “Dia Nacional de Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”, pela Lei Federal 9.970/00, Segundo informes em
pesquisas, a escolha deste dia foi motivada por uma bárbara história, crueldade em um crime
sexual contra uma pessoa, a criança Araceli, aos oito anos de idade.
“Em 18 de maio de 1973, na cidade de Vitória (ES), um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido
como o “Caso Araceli”. Esse era o nome de uma menina de apenas oito anos de idade, que teve todos os
seus direitos humanos violados, foi raptada, estuprada e morta por jovens de classe média alta daquela
cidade. O crime, apesar de sua natureza hedionda, até hoje está impune”.
Naturalmente, enquanto você faz esta leitura, pode estar pensando sobre algumas questões:
É possível prevenir a violência sexual contra crianças e adolescentes? Eu como uma pessoa,
família, creche, escola, universidade, comunidade, igreja, posso prevenir esta violência? E
como é possível essa prevenção?
O objetivo ao escrever este texto, por ocasião do Maio Laranja 2020, é introduzir uma sumária
reflexão sobre a consciência de que você também pode ser um/a protetor/a na prevenção
desta complexa e cruel realidade: Violências Sexuais Contra Crianças e Adolescentes.
Aqui, pela abrangência dessa multidimensional e multifacetada problemática vamos delimitar
nossa reflexão a um dos tipos mais frequente: A Violência Sexual Intrafamiliar Contra Crianças
e Adolescentes. Oxalá, você continue estudando este assunto, ou possamos retomar e
continuarmos em outros textos, ou ainda, preferentemente, nos encontrarmos nos Cursos de
Prevenção de Maus Tratos e Abuso Sexual Contra Crianças e Adolescentes e, Promoção De
Bons Tratos Em Família que ministramos. Confira no site do Programa Claves Brasil
www.clavesbrasil.org, capacitodora Joseana de O. Menezes Galvão.
Relevante enfatizar que a violência sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes, até
recentemente não era falada, ou muito pouco se falava, mas infelizmente acontecia, e ainda
hoje, muito acontece. Um silêncio, uma invisibilidade de um sofrimento, e por vezes, um
trauma, que vários danos podem causar nos meninos, nas meninas que sofreram, sofrem ou
virão a sofrer esse tipo de agressão. É imprevisível determinar suas consequências, mas já é
cientificamente evidenciado que os impactos dessa violência podem ser sentidos e expressos
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de forma imediata, á curto, médio e longo prazo; em um grau maior ou menor, na história de
vida de crianças e adolescentes agredidos.
E sobre os aspectos etiológicos - causas? Já é comprovado que a complexidade dessa violência
também permeia uma variedade de múltiplos fatores que interatuam nos contextos causais à
situação ou situações de sua ocorrência.
Assim, urge planejar e desenvolver estratégias preventivas e protetivas, articuladas em
diversos setores da sociedade, e que corroborem com esse enfrentamento. Romper de forma
segura, criteriosa e cautelosa com silêncios ruidosos, abusivos, opressivos e até depressivos,
em decorrência dessa repudiante problemática, é uma responsabilidade de todos nós! E, A
PREVENÇÃO É A MELHOR OPÇÃO!
Oportuno, reforçar: os estudos científicos comprovam que a partir da análise do cenário dos
diversos aspectos envolvendo as histórias do Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes, existe
uma multiplicidade de fatores causais que interatuam envolvendo: agressor, vítima, família da
criança e adolescente agredido, comunidade, sociedade; antes, durante e após a ocorrência
dos abusos sexuais. Estas comprovações são de extrema relevância, pois muito interessam nos
planejamentos e implantações ações preventivas e protetivas.
Portanto, a prevenção da violência contra a criança e o adolescente, perpassa por cada um
desses elementos - múltiplos fatores causais interatuantes. Assim, é a partir da análise dessa
multicausalidade em diversos sistemas (indivíduos, famílias, comunidades, sociedades) que
podemos verificar e avaliar fatores de risco e fatores protetores para os possíveis elementos
etiológicos sobrepostos.
Nos escritos bíblicos, também encontramos referência a esse tipo de violência - Violência
Sexual Intrafamiliar. O texto Bíblico em 2º Samuel 13:1-38 relata a história de uma formosa
jovem, Tamar, filha de uma família real, o abuso sexual que ela sofreu por seu irmão, as graves
consequências pessoais e tragédia familiar decorrente. A partir desse texto e pensando em um
recorte de caso clínico, podemos ter um exemplo emblemático do cenário da violência sexual
intrafamiliar, com: local de ocorrência, ambiente físico (casa de uma pessoa de confiança, um
familiar – o irmão), a pessoa violentada (uma filha, irmã, jovem Tamar), o autor da violência
(irmão Amnom), pessoas conhecidas (familiares – irmãos, pai, primo e um funcionário da
casa). Semelhante aos contextos de atuais histórias de violências sexuais em nossos dias.
Insisto em destacar que esse ainda é o tipo de violência sexual com maior incidência contra
crianças e adolescentes.
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Conforme parágrafo anteriormente escrito, e também identificado na leitura detalhada do
texto bíblico citado acima, alguns aspectos são relevantes na efetivação dos fatores de
proteção e prevenção para esse tipo de violência. Está evidente que: pessoas (familiares,
conhecidos - pessoas que fazem parte do convívio) e, espaços (casa dos pais, de familiares)
que a princípio seriam pessoas e espaços de proteção, podem também ser locais e pessoas
que desrespeitam a dignidade humana, violam os direitos e violentam indivíduos, inclusive
crianças, adolescentes, jovens - grupos com maiores graus vulnerabilidades.
“Não me cabe conceber nenhuma necessidade
tão importante durante a infância de uma pessoa
que a necessidade de sentir-se protegido por um pai.” Sigmund Freud
Assim, quando pensamos em ações de prevenção dessa problemática, o desafio diz respeito e
deve envolver a participação ativa, assertiva, efetiva de todos. A princípio todos são capazes
de desenvolver sensibilização, conscientização, capacitação e adquirir ferramentas, como
protagonistas - crianças, adolescentes, adultos (pais, educadores/as, professores/as, lideres,
comunidades, escolas, creches, igrejas) no Enfrentamento Preventivo ao Abuso e Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes.
Atualmente encontramos propostas de trabalhos preventivos que nos proporcionam
direcionamentos motivadores, com expectativas alentadoras em ações promotoras de
prevenção neste tão delicado tema. Existe uma disponibilidade de metodologias, ferramentas
educativas capazes de promover habilidades, competências preventivas para pessoas de
diferentes faixas etárias (crianças, adolescentes, jovens, adultos), e propiciar sistemas
(famílias, comunidades, escolas, igrejas) protetivos e preventivos. Assim, é possível, ações
efetivas de proteção e prevenção de violências sexuais serem organizadas e implementadas
em diversos setores e espaços de circulação infanto-juvenil.
Urge investirmos e trabalharmos no sentido de que é possível a Prevenção Primária da
Violência Sexual Intrafamiliar Contra Crianças e Adolescentes! E, se enfrentamos contextos
de prevenção secundária, terciária - situações onde o abuso sexual ocorreu ou está ocorrendo,
é possível intervir com elaboração de possíveis intervenções que conduzam à promoção da
superação, à resiliência, com finais que não sejam de tragédias para os personagens
envolvidos.
O atual cenário que vivemos - enfrentamento da Pandemia COVID-19, onde a Organização
Mundial da Saúde o Ministério da Saúde e outros órgãos competentes alertam para as
evidências de aumento no número de casos de maus tratos e violências sexuais contra crianças
e adolescentes, é urgente que toda sociedade se posicione e articule ações setoriais e
intersetoriais (famílias, comunidades, igrejas, educação, saúde, serviço social, imprensa) neste
enfrentamento.
“A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de
existência.” ECA Art.7º.
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Aqui finalizo esta reflexão, e abaixo fica a dica do site onde você pode encontrar recursos,
materiais e informações sobre cursos, capacitações para ações estratégicas em intervenções
neste combate. PREVENÇÃO MELHOR OPÇÃO!
Texto escrito por Joseana de Oliveira Menezes Galvão.
Médica com Pós-Graduação em Sexualidade, Terapia Familiar Sistêmica, Problemas
Relacionados ao Uso Abusivo de Álcool e Outras Substâncias Psicoativas, Prevenção de Maus
Tratos e Promoção de Bons Tratos em Família Capacitadora do Programa Claves Brasil.
joseana_menezes@yahoo.com.br
. Programa Claves Brasil www.clavesbrasil.org
Pra hoje !!!! Se alguém tentar te diminuir alegre-se é sinal que vc cresceu 👊🤩🌷
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